A habilidade da cantora e compositora Asa de criar histórias sinceras, cantadas em inglês e iorubá (língua falada no sudoeste da África, principalmente na Nigéria), com melodias e grooves dinâmicos que tecem uma malha impressionante de suas influências sem fronteiras, a tornaram uma das artistas mais provocantes de sua geração. Após um hiato de quatro anos, a premiada cantora franco-nigeriana, certificada com vários discos de platina, lança nesta sexta-feira (11/10), seu novo álbum, Lucid”, pelo selo LAB 344.

Em seu novo trabalho, Asa se consolida entre uma nova geração de cantores e compositores cosmopolitas, como Lianne La Havas e Laura Mvula. “Lucid” é uma continuação de seu estilo marcado por um amadurecimento sem limites de idade ou tempo, pelo qual os fãs se apaixonaram desde o início. No entanto, não foi planejado. A cantora acabara de superar o fim de um relacionamento intenso, e tanto o desgosto quanto a cura deram o tom para Lucid, seu álbum mais pessoal e revelador até o momento. “Houve muito crescimento“, reflete Asa. “Você pode perceber isso. Eu vejo o mundo de maneira diferente agora. No começo, eu era um pouco ingênua, querendo salvar as pessoas. Agora eu sou mais compreensiva e paciente com o mundo. Isso me fez introspectiva, olhando de dentro para fora”.

Asa registra a dor e a perseverança do passado para que todos possam ouvir e sentir. “De certa forma, este álbum é autobiográfico. Mesmo que eu não esteja escrevendo sobre mim, estes são meus pensamentos, incluindo meus erros“, afirma. Em suas palavras, ela estava “apenas vivendo e compondo”, extraindo da experiência – da dor e da alegria e de tudo isso junto. Por que, no final, ela conta, “artistas são seres humanos antes de tudo”.

À medida que o mundo ocidental se familiariza com o boom nigeriano da fusão de hip-hop, afrobeat, dancehall e música pop, a outra parte dos sons produzidos no país permanece um território desconhecido. Mas Asa permanece presente e persistente em seu propósito: uma voz singular que se destaca em meio à multidão.

Com Lucid, o público pode viajar em suas músicas e histórias, mas Asa se sente confortavelmente em casa. Aqui, sua força emotiva ataca novamente, seja perfurando a superfície da alma no verso “Words Like Dagger”, em “The Beginning”, ou quando ela canta com convicção e calma na faixa de abertura “Murder in the USA”. Entre os destaques “Femi Mo”, “Good Thing” e “My Dear”, Asa alterna entre inglês e iorubá, mas a emoção impulsionada a cada letra não precisa de tradução.

A arte de Asa, portanto, não é estrangeira: é humana – englobando o universal e o pessoal. Em “Torn”, com seu tom suave e robusto, o que ela aborda é menos sobre um romance específico e mais sobre o que isso representa em todos os sentidos, em todas as camadas, com uma letra menos crua e mais reluzente. Impressionada pelas forças que geram um projeto desse peso emocional, Asa permanece em seu próprio caminho, fiel ao seu som e, mais importante, a si mesma.

Lucid é sobre o amor em suas diferentes formas. Asa rejeita a ladainha do romance tão frequentemente cantado para simplificar o amor de uma maneira que ainda mantém intactas suas complexidades. Os lados brincalhões e dolorosos do amor, justapostos, expõem os lados desesperados e cheios de angústia. Ela não apenas canta sobre o amor, mas sacia a fome humana de descrever uma emoção que é tão comum, mas incompreendida. Momentos sentimentais se transformam em músicas eternas, e a visão e voz de Asa permanecem muito claras.

Bukola Elemide, mais conhecida como Asa, é uma cantora e compositora francesa de origem nigeriana. A artista nasceu em Paris, mas mudou-se aos dois anos de idade, junto com seus pais, para Lagos, na Nigéria. De volta à França, com 20 anos, lançou seu primeiro álbum, “Asa”, em 2007, onde ganhou o prêmio French Constantin Award, como artista revelação. No Brasil, ficou conhecida com o seu segundo álbum, “Beautiful Imperfection”, lançado em 2011. Uma de suas canções, “Preacher Man”, fez parte da trilha sonora da novela “Além do Tempo”, exibida na Rede Globo, em 2015. “Lucid” é o quarto trabalho de estúdio da cantora, que conta com 12 anos de carreira, desde seu aclamado álbum de estreia. O terceiro álbum, “Bed Of Stone”, foi lançado em 2014.

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