Boneca Russa 2ª Temporada | Resenha Crítica

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Depois de uma primeira temporada incrível, passados 03 anos, Boneca Russa retorna para sua segunda temporada na Netflix

A primeira temporada de Boneca Russa estreou em 2019, nos trazendo a jornada de Nadia Vulvokov, uma mulher que inexplicavelmente passa a reviver o dia de seu aniversário de 36 anos. Entretanto, o dia sempre termina com sua morte. Ao longo de seus 08 episódios, Nadia encontra em Alan alguém que está vivenciando a mesma situação.

Tudo termina quando eles decidem se ajudar ao invés de seguirem num caminho de egocentrismo, preocupados apenas com si mesmos. A história se fecha de forma brilhante, com ambos quebrando o loop temporal e seguindo em frente para o próximo dia.

Passados 4 anos, suas vidas não estão assim tão melhores. Alguns de seus dilemas se repetem, embora pareçam razoavelmente mais bem ajustados.

A trama começa quando Nadia vai ao encontro de Ruth, que acabara de sofrer um acidente de carro. Pouco depois, a vemos pegar o metrô e misteriosamente indo parar em 1982, ano de seu nascimento.

No decorrer da temporada, nossa protagonista vai e volta no tempo diversas vezes, inclusive não se fixando apenas em 1982, mas indo mais para trás, 1944, para ser mais exato.

Nadia vê isso como uma oportunidade de mudar o passado, desfazer o maior erro de sua mãe, perder o dinheiro da família, e consertar tudo o que havia de errado com sua história. Dessa forma, proporcionando, talvez, uma chance para que ela, sua mãe e sua avó tivessem uma vida mais fácil e consequentemente mais feliz.

Enquanto a primeira temporada funciona especialmente bem em sua simplicidade, na qual temos dois personagens presos num ciclo de “morra e repita”. Agora há uma história mais complexa, focada nas diversas fases da vida, no reconhecimento da mortalidade e no luto.

Consequentemente, fugimos completamente do formato engessado da repetição e passamos a explorar o desconhecido. Literalmente sem saber ao que esperar.

Mais uma vez temos Natasha Lyonne entregando uma interpretação memorável como Nadia Vulvokov. Mas agora, o roteiro gira basicamente em torno somente de sua experiência.

Na primeira temporada, ela aos menos tentava compartilhar com Ruth e suas amigas o que estava passando, adicionando dimensão a essas personagens coadjuvantes e enriquecendo a trama.

Dessa vez sua trajetória é mais introspectiva, ainda que eventualmente ela ganhe algum suporte, especialmente nos episódios finais. Mas, o ponto que realmente me decepcionou foi Alan.

O personagem até vivencia suas próprias experiências de viagem no tempo, porém tem uma participação bem reduzida. Além de sua narrativa ser totalmente desconectada de Nadia e quase não acrescentar a narrativa. Eles se unem somente pela experiência compartilhada dessa vez e não necessariamente por seus destinos se cruzarem, sendo um tremendo desperdício.

Afinal, um dos grandes charmes da série em sua temporada inicial residiu no fato da descoberta da jornada de Alan e em como os rumos dele e de Nadia se cruzavam.

Ficou a impressão que deixaram o personagem ali somente porque Charlie Barnett é um ótimo ator e retirá-lo por completo poderia parecer estranho.

Por isso, na minha visão, a primeira temporada é muito mais bem amarrada, tudo o que nós vemos tem um propósito que se satisfaz na chegada ao destino. Já essa segunda, embora use o conceito de viagem no tempo de forma bem criativa, além de ir mais fundo nas conexões familiares de Nadia e fechar com um final que se encaixa perfeitamente com a proposta da série, acaba devendo na jornada.

Isso porque ao longo do trajeto temos personagens e subtramas que não levam a lugar nenhum. Parecendo estarem lá mais como meras distrações do que qualquer outra coisa, e há um isolamento maior da protagonista em relação ao seu companheiro de loop e viagem temporal, reduzindo seu impacto, e possíveis surpresas na história.

Ainda assim, respondendo à pergunta: A segunda temporada era mesmo necessária? A resposta é um sim.

Ainda que não seja tão boa quanto a primeira, nos proporciona uma viagem e tanto! Trazendo mais camadas e nuance a personagem de Nadia, nos proporciona uma história nova, única e tocante. E, isso ao mesmo tempo em que se mantém fiel ao que foi estabelecido 4 anos atrás, com seu humor irônico e sátiras inteligentes pavimentando todo o caminho.

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