‘Eu nunca vou deixar de ser o Logan’ diz Hugh Jackman em coletiva em São Paulo
Hugh Jackman veio para o Brasil promover seu novo e último longa na pele de Wolverine, o filme Logan. A convite da FOX, participamos da cabine e coletiva de imprensa, onde foram tiradas dúvidas sobre a produção, história, personagem e futuro. Leia abaixo algumas perguntas importantes que lhe foram feitas:
Em 17 anos, os filmes de super-herói mudaram bastante, eles quase não existiam e agora são numerosos, mais adultos, mais complexos e mais populares. Como você enxerga essa evolução como alguém que estava dentro?
HJ: Há 17 anos, a San Diego Comic Con tinha 50 mil pessoas. Hoje esse número subiu para meio milhão. Todas as empresas, estúdios e canais vão lá para mostrar coisas para os fãs. Na época tínhamos internet discada, mas ninguém anunciava nada na internet ou entedia o tamanho da base de fãs de quadrinhos — a Marvel não estavam bem nos quadrinhos e isso era uma fatia pequena da indústria, não era legal, não era um gênero. Muitos amigos me disseram para arranjar outro trabalho, porque acreditavam que não ia vingar. E agora estamos aqui 17 anos depois, temos a DC, Marvel, os X-Men. Isso é gigante hoje. Eu acho que lá atrás Bryan Singer tomou algumas decisões muito ousadas, a primeira cena do primeiro filme é num campo de concentração, isso não é o que as pessoas esperavam de uma história baseada em quadrinhos. Ele não queria quadrinhos no set, sempre dizia que era um filme sobre humanos, sobre preconceito e como as pessoas têm medo do que não conhecem, nos anos 60 os X-Men eram uma alegoria a Martin Luther King e Malcolm X. Ele foi muito corajoso e vemos reflexos disso até hoje.
Muitas pessoas estão falando que esse é o filme mais violento dos X-Men. Mas além dele ser violento, ele fala muito sobre as consequências dessa violência. Qual a importância de Logan em mostrar isso em um mundo tão violento e selvagem quanto o nosso?
HJ: Muito importante. Esse é um filme adulto. Temos crianças nele, mas não é um filme para elas. É uma história com muita violência e eu acho que você não pode entender o Logan sem entender o que a violência causou nele e causou naqueles ao redor dele. É um filme muito diferente, não é um longa onde as pessoas morrem e depois aparecem andando por aí, quando elas morrem, elas morrem. Quando você pratica violência, isso fica com você. Em um momento do filme, Laura está falando com ele sobre os sonhos que tem e como ela machuca pessoas neles. E ele diz “Você vai ter de aprender a lidar com isso” e ela diz “Mas eram pessoas más” e ele completa com “Dá na mesma”. Nós referenciamos Os Brutos Também Amam, essa ideia de que as suas escolhas importam, que existem consequências.
O que você acha que Logan vai deixar como legado para os filmes de super-herói?
HJ: Eu espero que Logan cause o mesmo efeito que o primeiro X-Men causou nas pessoas em 2000, as surpreendendo. O que aconteceu com Deadpool foi incrível, é um filme divertido, inesperado, subversivo e fiel ao personagem. Eu acho que Logan honra o espírito de Wolverine, os fãs vão dizer: “Finalmente, um filme bom do Wolverine”. O que Stan Lee e os caras fizeram no passado foi criar histórias legais, com nuances e camadas, então enquanto Wolverine tiver isso, não existe nenhum limite. Não será comigo, mas não existem limites.
Qual o seu sentimento agora? Você está aliviado por ver o filme pronto ou triste por estar deixando o personagem?
HJ: É doce e satisfatório, eu estava muito nervoso até ontem de noite, quando vi o filme pela primeira vez junto do público em Berlim. Desde o começo eu sabia que filme eu queria fazer e o filme que James Mangold queria fazer — eu preciso mencionar ele. Tínhamos certeza do tipo de filme que queríamos fazer, não queríamos que fosse um filme de quadrinhos. Queríamos que fosse um filme sobre um homem, com sorte um ótimo filme. Se alguém chegar para mim e perguntar “Senhor Jackman, qual desses filmes eu devo ver primeiro?” eu vou recomendar Logan, essa é a história definitiva do Wolverine. Eu tenho uma grande satisfação, bastante emocional, porque trabalhei com esse personagem por 17 anos, eu sei que esse seria o último e eu não teria outra chance. Eu me orgulho muito desses anos. Imagine que eu sou um jogador de futebol jogando pelo Brasil e digo que essa é a minha última Copa do Mundo e nós chegamos na final. Se perdermos, ainda vai ser satisfatório. Mas ganhar é muito melhor.
Logan foi muito bem recebido no Festival de Cinema de Berlin, e chega agora aos cinemas brasileiros em 2 de março.
O Omelete disponibilizou o vídeo com tudo que rolou na Coletiva, e você pode conferir abaixo: