Conhecido por ser criador da franquia Halo, o renomado estúdio Bungie optou iniciar a atual geração de consoles rompendo sua duradoura relação com a Microsoft e iniciando uma nova fase ao lado da Activision, distribuidora famosa por suas franquias anuais de enorme sucesso comercial, como Call of Duty. O objeto desta análise é o primeiro fruto dessa nova parceria, o jogo multiplataforma Destiny. Prometido para ser um ponto entre os gêneros RPG, MMO e tiro em primeira pessoa, o título chegou às lojas depois de anos de desenvolvimento, duas aclamadas fases de testes e a maior campanha de marketing para um game da história. Todo esse peso nas costas gerou uma expectativa imensurável em volta do game e talvez esse seja o seu maior problema.

Assim como Halo foi uma das franquias de FPS mais bem sucedidas da história, Destiny respeita o legado do estúdio e é em primeiro lugar um jogo de tiro. Sua jogabilidade desde o início foi pensada para promover o trabalho em equipe, sendo necessário estar em trio para realizar as missões mais elaboradas da campanha. Mais do que isso, o jogo requer conexão com a internet durante todo o tempo. Esta característica traz desvantagens óbvias, mas permite que os jogadores se encontrem em mundos enormes num formato que lembra o gênero MMO, mas sem o aspecto massivo. Os jogadores se encontram principalmente na Torre, uma cidade onde é possível comercializar itens, obter novos equipamentos, personalizar seu personagem e muito mais. Esta cidade representa o último local seguro da humanidade e é ponto de encontro dos Guardiões. Infelizmente, não é possível habilitar o chat de voz para jogadores fora do seu grupo, porém existe interação social através de gestos, como acenar, dançar e sentar. Tirando a Torre, cada cenário restante do jogo está infestado por hordas quase intermináveis de monstruosos inimigos alienígenas que o jogador precisa enfrentar a todo momento, sendo apresentado a desafios cada vez maiores ao longo do percurso.

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Em Destiny cada jogador controla seu próprio Guardião e eles são customizáveis desde sua criação a partir de três classes: Titã, Caçador e Arcano. Os Guardiões são a última esperança frente aos seres alienígenas que invadiram a Terra e quase extinguiram a humanidade após um longo período de evolução, avanço e expansão da nossa raça e esta é basicamente a trama central do jogo. Pode parecer decepcionante explorar uma ambientação há muito vazia e sem vida, mas é a desculpa perfeita para encontrar hordas de inimigos sem fim. As classes, apesar de terem habilidades únicas, não são tão diferentes uma das outras e no fim das contas a estrutura de FPS é mantida, com todos tendo que atirar para vencer. As missões do jogo no geral são repetitivas, se baseando principalmente em ir do ponto A ao ponto B, defender algum local ou derrotar um chefão. Estas missões ocorrem em mapas imensos, como Terra, Lua, Vênus e Marte, podendo ser explorados sem necessariamente jogar uma missão e podendo ainda encarar eventos aleatórios para subir de nível, o que gera o famoso “grind”. Como manda a tradição, alcançando novos níveis o jogador passa a ter acesso a novas habilidades e equipamentos mais poderosos, fazendo da evolução constante o principal fator motivacional do jogo.

Nem todas as missões permitem alterar a dificuldade base do jogo, mas quando isso é permitido dificuldades maiores concedem bônus de experiência, recompensando o jogador pelo esforço extra. As missões podem ainda conceder melhorias específicas para equipamentos e itens especiais. Seguindo uma tendência de muitos jogos online, Destiny adota um sistema de contratos diários que dá ao jogador experiência extra pelo cumprimento de missões específicas. Por exemplo, vencer cinco batalhas no Crisol concede uma porção de cinco mil pontos de experiência. Falando no Crisol, este é o nome do modo multiplayer competitivo do game. Funcionando como um planeta a parte dos principais, é lá que o jogador escolhe a modalidade multiplayer desejada e se junta ao combate frente aos outros jogadores. Com a vasta experiência online da Bungie, o jogo faz uso de um prático sistema que permite encontrar seu amigo e entrar nas partidas que ele já está jogando com extrema facilidade, sendo possível completar um time que tenha perdido um jogador virando o rumo da partida nos últimos instantes. Nos ambientes abertos, encontrar outros jogadores e convidá-los para seu time é relativamente simples, aumentando a interação social com desconhecidos.

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Mesmo sem contar com as diferenças numéricas de cada personagem no Crisol, o PVP não é totalmente balanceado, já que as habilidades das classes e subclasses são mantidas. Isso significa que apesar das armas de outros jogadores não serem superiores às suas em atributos numéricos, ele ainda poderá se teletransportar e você não, dependendo da diferença de nível e classe entre ambos, logo o balanceamento resta prejudicado. Apesar da porção competitiva do multiplayer ser generosa, as missões do jogo, mesmo repetitivas merecem um destaque especial por conta do fator cooperativo. Os chefões de Destiny são resistentes o bastante para requerer o bom e velho trabalho em equipe, criando mesmo quando junto de outros dois companheiros uma tarefa árdua e recompensadora. O final de cada partida, independente do modo, concede ao jogador até dois itens como premiação, o que mantém a rotatividade dos equipamentos em ritmo constante. Esse e outros aspectos lembram outro título que serviu de inspiração para o game: Borderlands. A fórmula do FPS com elementos de RPG da Gearbox nitidamente ajudou a construir a base de Destiny e com a leveza de um Halo a jogabilidade funciona muito bem. É realmente satisfatório controlar o personagem, independente de qual das milhares de arma você estiver usando para derrubar os adversários.

Pensado para ser uma experiência multiplayer a todo instante, o jogo oferece uma sistema de checkpoints que funciona muito bem. É possível reviver companheiros caídos e enquanto houver alguém vivo no time, a partida continua. Para se manter vivo é importante saber se locomover pelos enormes cenários e durante a exploração é possível convocar um veículo para encurtar o tempo de viagem. Esses veículos são motos que flutuam e, assim como as naves, podem ser substituídas por outros modelos pelo jogador se este resolver gastar mais dinheiro na Torre. Por algum motivo o jogo não possui um sistema de compra e venda entre jogadores, deixando duas opções para algo que você não quer mais: desmontar ou armazenar no depósito. A primeira opção converte o item em recursos, que podem ser utilizados para melhorar outras coisas que você carrega ou simplesmente obter dinheiro. Já a segunda opção é a forma que o jogo encontrou para compartilhar itens entre personagens de um mesmo jogador. Caso você jogue como Titã e tenha encontrado um item raro para o Caçador, não significa que ele seja inútil para você, já que é possível ter outros personagens para sua escolha na tela de seleção inicial e todos eles terão acesso ao mesmo depósito na Torre.

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Não só em tamanho impressionam as localidades de Destiny, mas em uma beleza ímpar. O visual é variado de acordo com ciclos de dia e noite e cada mapa possui suas particularidades. A grande escala dos cenários e o fato do jogador poder acessar praticamente qualquer área do jogo que não seja um abismo traz uma boa sensação de liberdade. Surpreendentemente, existem segredos obscuros em praticamente todos os mapas e inimigos realmente poderosos podem ser encontrados nas cavernas mais escondidas, onde boas recompensas aguardam os jogadores mais atentos e ousados. Como jogo espacial, Destiny valoriza a imensidão do espaço e camufla suas telas de carregamento com as viagens de sua nave, que trazem mensagens com breves informações sobre a trama por trás de cada missão. Em termos de design, o título parece ter sido influenciado pelo RPG sci-fi Mass Effect, que enche de detalhes cada peça de armadura e componentes mecânicos dos personagens. Uma pena que, mesmo com tantos detalhes gráficos, esses personagens não possuem desenvolvimento digno a título de enredo e suas mudanças estéticas são meras representações da evolução do jogador, deixando o universo de Destiny e sua prometida história para ser explorado em uma futura continuação da franquia.

Assim como nos gráficos, na parte sonora o jogo não deixa a desejar. Com o alto padrão de qualidade estabelecido pela Bungie em Halo, a orquestra londrina do estúdio Abbey Road liderada pelo músico Martin O’ Donnell faz um de seus melhores trabalhos nos games e os arranjos de Destiny são simplesmente fantásticos. A trilha sonora realmente consegue por si só garantir um ar grandioso e épico ao jogo, mesmo sem ter uma história digna como pano de fundo, sendo possível se encontrar observando sua nave no espaço apenas para ouvir uma boa música. Por falar em música, a trilha sonora teve contribuição de ninguém menos que o ilustre ex-Beatle sir Paul McCartney, que assina a faixa tema do game, Hope for the Future, na qual o próprio músico canta com o suporte da orquestra completa.

Vale lembrar que seguindo uma tendência cada vez mais forte, Destiny chegou ao Brasil com legendas e dublagem para o nosso idioma, sendo algo sempre bem recebido, mesmo quando a principal voz original do título é de Peter Dinklage (o anão de Game of Thrones), que como Fantasma funciona como um narrador da sua aventura. Mesmo com a quase ausência de enredo, a completa exigência de conexão com a internet e repetitividade que pode ser cansativa para muitos, Destiny tem o mérito de ser um jogo de tiro consistente e fluído, acompanhado de uma belíssima trilha sonora e um visual impressionante. Infelizmente, para o padrão esperado, o título ficou aquém das expectativas e não deve alcançar a pretensão de disputar prêmios de jogo do ano, porém nem por isso deixa de ser uma opção muito válida para os fãs dos jogos de tiro online e, principalmente, cooperativos. Para quem consegue reaproveitar inúmeras vezes o que o jogo já tem a oferecer, a espera pelo futuro conteúdo para download e uma quase que certa sequência não deixa de ser uma ótima expectativa. Seja como for, para tirar o melhor desta experiência, jogue com seus amigos.

Ficha Técnica:
Título: Destiny
Gênero: FPS/RPG
Desenvolvedora: Bungie
Distribuidora: Activision
Data de Lançamento: 9/9/2014
Preço Sugerido: $59,99/R$199,90
Plataformas: PlayStation 3, Xbox 360, PlayStation 4 (versão testada) e Xbox One

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