Mais uma temporada de Game Of Thrones chegou ao fim, mas essa foi sem dúvida a campeã de polêmicas. A razão para tanto bafafá vem principalmente das divergências em relação aos livros que inspiraram a série, algo que dividiu os fãs que acompanham ambas as obras. Para esta resenha evitarei comentar sobre tais mudanças, me focando somente naquilo que nos foi mostrado.
Essa quinta temporada teve um protagonista claro: Jon Snow. As ações na Muralha receberam mais destaque do que nunca, revelando os White Walkers como uma verdadeira ameaça a todo o Reino, entretanto poucos enxergaram isso e continua cabendo à combalida Patrulha da Noite combater inimigos tão ferozes.
No quarto ano da série, terminamos com a Patrulha vencendo a batalha contra os selvagens graças ao apoio de Stannis e seus homens. Após essa série de acontecimentos Jon Snow acaba sendo eleito como Senhor Comandante da Patrulha e tem como objetivo unir seus comandados aos Selvagens, afim de aumentar seus números contra o iminente confronto contra os White Walkers. Este, além de ser o arco de maior destaque também foi o mais interessante e bem construído. Todas as ações ocorreram de forma gradativa e bem pensada, culminando num final inesperado e chocante.
Stannis Baratheon, também teve uma saga bastante movimentada, ainda se valendo dos conselhos de Melisandre e não desistindo de sua pretensão ao Trono de Ferro. Contudo, para alcançar suas metas ele primeiro parte para reconquistar o Norte e ruma, em pleno inverno, à guerra contra os Bolton.
Aqui, o candidato ao trono se digladia entre atender aos seus princípios morais, ou deixá-los de lado para tornar-se Rei. O conflito interno de Stannis, que foi construído desde o início, chega ao seu ápice, tornando-se um dos assuntos mais comentados devido ao desfecho imprevisível e diferente dos livros. Porém, neste ponto a construção do personagem acaba sofrendo algumas falhas, pois ele se contradiz de maneira muito gritante… Talvez, se certas coisas não fossem tão enfatizadas, a progressão do personagem soaria mais natural.
Em Porto Real acompanhamos as ações de Cersei, que passa a fazer um jogo de poder com Margaery Tyrell. Ambas competem pela atenção e possibilidade de influenciar Tommem, agora consolidado na sua posição de Rei. A nova Rainha começa a se fazer mais e mais presente, forçando Cersei a buscar como aliados os Pardais, um grupo mais radical dentre os que seguem a religão dos Sete.
Com grandes reviravoltas, contando com um desenvolvimento constante e uma história repleta de paralelos com a realidade, certamente este foi um dos melhores núcleos da temporada. Destaque para a forte atuação de Lena Headey (Cersei Lannister), que se sobrepôs e foi merecidamente indicado ao prêmio Emmy de melhor atriz coadjuvante.
Um dos grandes protagonistas da série, Tyrion Lannister, não teve muito destaque nesta temporada, assim como Jorah Mormont. Basicamente acompanhamos suas jornadas até Daenerys Targaryen. Esta sim, teve muito o que ser explorado…
Os Filhos da Harpia, uma ordem secreta em Meereen, passa a desafiar constantemente seu reinado utilizando-se de táticas de guerrilha. Isso a torna vulnerável, fazendo necessário repensar sua estratégia de governo afim de tentar resolver a situação. Com isso, é a primeira vez, de fato, que vemos Daenerys tendo que se preocupar com problemas dignos de uma governante, algo pela qual ela anseia veementemente.
Quem, assim como Tyrion, não gozou de muita atenção do roteiro, mas teve bons momentos nos episódios finais, foi Arya Stark. A jovem chega ao destino de Jaqen H’ghar, onde inicia seu treinamento para tornar-se uma assassina sem rosto. Porém, isso envolve deixar de lado toda sua pregressa, abandonando sua identidade… O grande problema desta parte da história fica por conta das coisas acontecerem de forma muito lenta. Todavia, apesar disso, a personagem passa por uma jornada interessante e ao fim da temporada promete ter uma guinada completa em sua trajetória.
Agora o assunto mais discutido entre os fãs foi sem dúvida o arco de Sansa Stark, sendo também aquele que mais divergiu dos livros. A herdeira dos Stark não evoluiu exatamente como previa (ao meu ver sem razão) a maioria do público ao término da quarta temporada e isso incomodou muita gente, principalmente por ela novamente se ver à mercê de outro vilão, relembrando a dinâmica que existia com Joffrey, porém de forma ainda mais sofrida. Sem entregar spoilers, posso dizer que tivemos cenas controversas e impactantes envolvendo a personagem, contudo não chega a ser nada que não tenhamos visto na própria série.
Por fim, mesmo que envolta em mais polêmicas e dividindo um pouco mais os fãs, a quinta temporada de Game Of Thrones manteve o bom nível das demais, mantendo a série ainda coesa em sua qualidade. Pode não ter sido o melhor ano da atração, mas os bons momentos certamente compensaram alguns deslizes e o fim em alto tom promete aguçar os fãs e trazer o grande público de volta ao sexto ano da série.
Ficha Técnica
Game Of Thrones – 2015
Duração: 10 episódios
Gênero: Drama/Fantasia
Criadores: David Benioff, D.B. Weiss
Elenco: Kit Harington, Emilia Clark, Sophie Turner, Peter Dinklage, Ian Glen, Maisie Williams, John Bradley, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Natalie Dormer, Alfie Allen, Aidan Gillen, Gwendoline Christie, Stephen Dillane, Nathalie Emmanuel, Daniel Portman e Liam Cunningham