Sabe quando você não está esperando muita coisa, mas acaba sendo completamente surpreendido por um filme? Bom, foi assim que me senti ao assistir Kubo e as Cordas Mágicas. A animação do estúdio Laika, cuja especialidade é o stop motion, chegou de mansinho, sem muito alarde, mas promete conquistar adultos e crianças.
O longa segue o jovem Kubo, um garoto que usa magia para contar histórias e assim juntar dinheiro suficiente para cuidar de sua mãe, já que é órfão por parte de pai. Suas fábulas são reproduções de tudo que ouvia da mãe enquanto crescia. Após uma sucessão de eventos, percebemos que as histórias são reais e nosso protagonista precisa ir em busca da antiga armadura de seu pai numa aventura fantástica.
O filme possui um visual deslumbrante, capaz de nos deixar de queixo caído em certos momentos, o que prova que a técnica do stop motion possui uma versatilidade que não vimos nem mesmo nas animações em computação gráfica. Outro aspecto que merece destaque é a forte influência da cultura japonesa, temos elementos mitológicos e históricos muito bem mesclados criando um universo próprio.
Ainda que possua um forte apelo visual, o que faz o filme funcionar são seus personagens. Temos em Kubo um protagonista carismático, é fácil nos identificarmos e criarmos afeição com ele, ao seu lado a Macaca e Besouro samurais são ótimos coadjuvantes (as dublagens americanas feitas por Charlize Theron e Matthew McConaughey respectivamente estão impecáveis), repletos de traços marcantes e com uma história de fundo que vai além dos os olhos veem.
Em tempos que os estúdios tomam tanto cuidado para não assustar as crianças, Kubo nos traz vilões assustadores, capaz de nos remeter a animações como o Corcunda de Notre Dame, no qual as crianças definitivamente (eu pelo menos) sentiam um desconforto e até mesmo temor. É certamente animador atestar que alguns estúdios dão liberdade criativa o suficiente para que os animadores tratem as crianças como um público que não necessita de tudo mastigado e já é capaz de entender conceitos mais elaborados.
Ao final, a impressão que tenho com mais esse ótimo filme da Laika (também responsável pelos Coraline e Paranorman) é a de que o estúdio tem potencial para vôos ainda mais altos, sem para o stop motion aquilo que a Pixar é para as animações em CG ou o estúdio Ghibli é para o estilo de animação japonesa.
Ficha Técnica
Kubo and the Two Strings – 2016
Duração: 101 minutos
Gênero: Animação/Fantasia/Aventura
Diretor: Travis Knight