Quando assistimos os trailers, comerciais de TV de Lucy, a impressão que fica é de ver um filme solo da Viúva Negra sem o selo Marvel de qualidade, considerando que temos a atriz Scarlett Johansson no papel principal e ela aparece em diversas cenas de ação e tem uma premissa filosófica de que o ser humano pode usar 100% de seu cérebro, mas o longa com direção de Luc Besson pode surpreender muita gente.

A primeira cena do longa mostra uma simples célula se dividindo e em um corte vemos Lucy – o australopiteco mais antigo conhecido pelo homem e primeiro elo da cadeia evolutiva – aprendendo a beber água em um riacho. Quando passamos para os dias atuais, vemos a história de outra Lucy (Johansson), uma jovem que mora em Taiwan que é forçada por seu namorado Richard a fazer uma entrega para um perigoso chefe do submundo coreano (Min-Sik Choi) caindo em um esquema de tráfico de drogas, e após um acidente com a droga CPH4 passa a usar mais do seu cérebro que os 15% usados por humanos normais.

Sem a conclusão do que é os 100% da capacidade cerebral, o diretor Luc Besson preferiu optar pela dramaticidade da pseudociência e para aproveitar os 89 minutos de ação – tanto física quanto visual – é necessário a suspensão da lógica e aceitando tudo isso o filme é eficiente e transforma de vez Scarlett Johansson como uma heroína de ação e protagonista.

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No primeiro ato, vemos uma palestra do professor Samuel Norman (Morgan Freeman) sobre a utilização do cérebro e o início da história de Lucy, explicando a teoria que fortalece a trama. Enquanto Norman questiona e especula sobre o que aconteceria com o cérebro humano caso tivéssemos um maior controle sobre ele, paralelamente vemos a jornada de Lucy em Taiwan se iniciando e a aparição de um clássico mafioso coreano, Mr. Jang (Min-Sik Choi), como um empecilho para que a protagonista alcance os seus objetivos, e assim somos introduzidos aos 3 personagens principais que movem a trama escrita por Luc Besson que faz duas participações especiais: uma sendo médico entre as 3 “mulas” presas por transporte de drogas e na segunda, sendo uma vítima de uma chacina promovida pela gangue de Jang.

Uma das virtudes de Besson é a capacidade que tem de contar histórias de maneira direta, sem perder tempo com enrolações, apesar de Lucy ter metáforas visuais, a agilidade da narrativa consegue manter uma tensão quase que permanente. O drama interno da personagem é a sua fragilidade e é o que dá coesão as cenas de ação. A aparição do policial Pierre (Amr Waked) que passa a acompanhar Lucy em sua trajetória, é uma âncora de humanidade na narrativa, que apesar da falta de carisma do ator, a sua função é basicamente ser “o cara do lado”.

A condução das cenas de ação com um bom uso das locações externas europeias (Paris, Roma, Berlim) e asiáticas (Taiwan, China), em especial vale destacar a corrida automobilística nas ruas de Paris ao melhor estilo Velozes e Furiosos, sendo que Lucy nunca tinha aprendido a dirigir.

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Lucy é uma ficção científica disfarçada em um filme de ação, se saindo bem em explorar as consequências e responsabilidades de uma quase divindade e trazendo um novo paradigma para o cinema atual: mulheres fortes podem sim, ser protagonistas de seus filmes e usar metralhadoras ou arco e flecha (como a Katniss Everdeen em Jogos Vorazes), Scarlett Johansson não deixa a desejar no papel e a cada filme está se firmando como uma das grandes atrizes dessa geração.

Portanto, o longa pode dividir o público que pode achar um pouco monótono ou achar incrível por ter um roteiro inteligente e trazer reflexos sobre tudo que está ao nosso redor após a sessão e pela a sua conclusão existe potencial de uma continuação e pelo sucesso (US$ 121 milhões para um orçamento de US$ 40 milhões) é bem provável que isso aconteça apesar do diretor Luc Besson não pensar nisso, mas como o cinema atual é um grande caça-níquel… é esperarmos para ver a repercussão do longa no mundo do cinema.

Ficha Técnica:
Lucy – França (2014)
Duração: 89 minutos
Gênero: Ação/Ficção
Diretor: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson
Elenco: Scarlett Johansson, Morgan Freeman, Choi Min-Sik e Amr Waked.

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