O que aconteceria se um orfão extremamente rico resolvesse aplicar boa parte de seus recursos financeiros afim de criar um alterego para combater seus inimigos? Bom, essa é a premissa de alguns dos mais famosos heróis de todos os tempos, como Batman e Homem de Ferro (este tendo perdido seu pai já na juventude). Porém, em Nêmesis, Mark Millar e Steve Mcniven viram isso do avesso e retratam a origem de um supervilão. A graça de Nêmesis está justamente na ideia que permeia a HQ, que tem como protagonista o vilão. É muito interessante vermos o outro lado da moeda, afinal de contas nem todos podem se tornar super-heróis.
A história gira em torno do primeiro supervilão do mundo, que age sob a alcunha de Nêmesis. Extremamente frio, calculista e um tanto psicótico, Nêmesis percorre o mundo desafiando aqueles que julga como valorosos adversários. Ou seja, os mais competentes e conhecidos homens da lei são sempre os escolhidos pelo vilão, que envia o desafio com o dia e hora da morte de seus oponentes.
Na HQ, vemos o embate entre nosso protagonista e o Chefe de Polícia Blake Morrow, um dos mais famosos policiais dos EUA e conhecido por ter uma reputação praticamente inabalável.
Mark Millar acertou na mosca com sua ideia, que é extremamente original justamente por reciclar alguns dos maiores clichês dos quadrinhos, aplicando-os com uma visão completamente diferente. Além disso, não teve pudores com relação a violência e o linguajar dos personagens, a história, apesar de fantasiosa, é contada como deveria ser, afinal, não nos esqueçamos que estamos sob a ótica de um vilão, supostamente o maior do mundo.
O roteiro cria uma atmosfera de caçada ao estilo gato e rato, mas permitindo que qualquer um dos personagens fique restrito ao papel de um ou de outro. Neste ponto, lembra um pouco, guardadas as devidas proporções, o mangá Death Note e a relação criada entre Light e L. Mas, ao contrário do que ocorre na obra japonesa, que segue um ritmo um pouco mais lento e cria uma atmosfera ao redor dos personagens, em Nêmesis tudo acontece rápido demais, o que faz com que seja difícil criar um laço mais profundo com qualquer um dos personagens.
O fim da HQ ainda proporciona um bom gancho para a continuação, fazendo com que o leitor fique ao mesmo tempo intrigado, mas também se sentindo meio que enganado. Pelo menos foi o que ocorreu comigo, porque a amplitude que o vilão tem vai bem além do que se pensava, fazendo com que algumas das suas ideias criadas em torno do personagem sejam jogadas no lixo.
Steve Mcniven, responsável pela arte, faz um excelente trabalho, mantendo o tom durante quase toda a obra. O traço varia um pouco perto do fim, mas muito em função do cronograma apertado, pois a HQ foi apressada devido o grande número de interessados em comprar os direitos de adaptação para o cinema.
No fim das contas, Nêmesis é uma HQ que vale muito a pena ser conferida, principalmente se você pode se dar ao luxo de desfrutar do belo e desnecessário formato lançado no Brasil (em capa dura e com todas as edições compiladas). Digo desnecessário, porque apesar de ser uma boa HQ, não vai muito além disso e outras obras ainda mais renomadas não tiveram todo esse capricho.
A expectativa é que a continuação consiga dar um desfecho melhor à história e consiga criar uma atmosfera mais tensa, tornando possível gerar expectativas em relação aos personagens e consequentemente fazer com que o leitor crie maior afinidade com eles.
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