Considerado como um dos grandes clássicos da literatura fantástica, Arthur C. Clarke é famoso por seu livro 2001: Uma Odisseia no Espaço que mais tarde foi adaptado para os cinemas por Stanley Kubrick. Em O Fim da Infância, Arthur se foca mais na Terra do que no espaço e em como os ETs poderiam ser nossos amigos.
O Fim da Infância conta com uma narrativa bastante quebrada. Décadas são passadas entre os capítulos e vamos acompanhando os alienígenas ao invés dos humanos. Aqui, os seres humanos são meros coadjuvantes da própria história. Como os saltos de época são muito grandes, prepare-se para desapegar de qualquer personagem pois eles não continuarão com você por muito tempo.
Enquanto vemos os ETs em outras mídias como criaturas destruidoras da Terra, Arthur C. Clarke os imagina como seres vindos para ajudar os humanos na resolução de todo e qualquer conflito que o planeta esteja enfrentando. Anos passam e os humanos notam que desde a chegada extraterrestre tudo está ficando melhor: a ciência evolui, os conflitos cessam e as pessoas estão no ápice de suas vidas. Logo, chegam à conclusão de que os Senhores Supremos – nome dado para os ET – são criaturas que trouxeram apenas o bem para nós.
Arthur C. Clarke não foca sua escrita em explicar qualquer ponto de como isso aconteceu e este nem de longe parece ser o ponto principal da trama. Ao longo do livro somos sempre instigados a grande pergunta: “Porque eles estão nos ajudando? ” Em todas as partes essa pergunta parece nos perseguir sem causar grande desconforto. Temos grupos que são contra os Senhores Supremos agindo quase de maneira terrorista contra quem detém o contato com a outra raça além de uma necessidade mundial em saber a verdadeira forma física dos alienígenas, já que eles nunca se revelam aos humanos.
Embora o desenrolar da história seja interessante, noto que em O Fim da Infância, Arthur C. Clarke parece cometer o mesmo erro que Isaac Asimov de querer esticar sua história demais. O mesmo aconteceu com Pedra no Céu. Clarke deu origem a O Fim da Infância como um conto – que também está nessa edição da Editora Aleph – e então resolve que a história poderia ser melhor explorada. A história segue interessante do início ao fim, mas parece perder um pouco a força nas últimas cinquenta páginas.
Esta edição da Aleph conta não somente com o conto que deu origem à história como também com uma edição revisada do primeiro capítulo lançado anos depois pelo próprio autor. Diferentemente do que temos com outros livros da própria Editora Aleph, aqui temos um livro com um design muito mais simplista, o que o deixa com uma cara mais séria. Uma ótima escolha.
No fim, Arthur C. Clarke consegue criar uma história que ao mesmo tempo parece completamente diferente do que temos, com um tipo de escrita muito boa e também distinta do que estamos acostumados a ler. Com um final bastante diferente e uma habilidade em criar personagens, O Fim da Infância nos mostra ETs com uma visão que nunca tivemos antes.
Prós:
– Escrita Eficaz
– Excelente Início
Contras:
– “Esticamento” da Obra
Editora Aleph 320 páginas 2010