O Protetor (The Equalizer), adaptação para os cinemas da série de TV dos anos 80, que tem o ator Denzel Washington (O Voo) no papel principal marca uma nova parceria com o diretor Antoine Fuqua, após Dia de Treinamento. No longa, acompanhamos Robert McCall (Washington), um ex-oficial das forças especiais que simulou sua morte para viver uma vida tranquila em Boston. Quando sai da sua aposentadoria auto-imposta para resgatar uma jovem, Alina (Chloe Grace Moretz), ele se encontra frente a frente com gângsteres russos.
No começo do filme vemos McCall, um sujeito que aparentemente é uma pessoa comum, conhecido pelos seus colegas pela bondade e disposição em ajudar, por ter problemas para dormir, ele frequenta todas as madrugadas uma lanchonete local, onde acaba ficando amigo de uma prostituta (Moretz). Quando a garota leva uma surra de seus cafetões, Robert volta a usar habilidades do passado, iniciando uma verdadeira guerra contra o crime organizado.
A história pode parecer um pouco lenta e superficial, sem qualquer interesse nos personagens, como se fossem ferramentas para que o diretor cumpra com seus desejos e que faça sentido algumas cenas empolgantes. Algo curioso, devido a duração de 131 minutos, daria tempo a Fuqua introduzir um pouco os personagens secundários e um outro detalhe que incomoda é como a ação demora a acontecer, mas apesar dessa demora, as cenas de ação lembram o filme Sherlock Holmes, do diretor Guy Ritchie, com as sequências em câmera lenta ao melhor estilo Zack Snyder, antecipando os movimentos dos inimigos é bem interessante e chama a atenção de quem estiver assistindo.
Talvez pelas décadas que separam a produção da TV da adaptação para o cinema, alguns aspectos soam um tanto quanto datados no novo formato da história, os bandidos são russos e o antagonista, ainda por cima é todo tatuado, com imagens de demônios e caveiras.
McCall é uma espécie de super-herói urbano, no sentido em que resolve qualquer coisa, por mais difícil que pareça. Em determinada parte do filme, ele põe uma turma de bandidos para beijar o chão, sem nem amarrotar a camisa, planejando a duração da ação e a cronometra, para comparar os tempos, cena que é muito divertida. Denzel é uma escolha mais do que certa para construir um personagem cujas origens são desconhecidas e, embora carregue tristezas do passado, se mantém forte e indestrutível do começo ao fim, em certas cenas lembrou a atuação do filme indicado ao Oscar, O Voo.
Com a típica premissa de filmes de ação onde o protagonista vai resolver tudo sozinho, outros personagens como a própria Alina (que pelos trailers, parecia que seria importante na história, mas pouco aparece) e o mafioso Teddy (Marton Csokas) são deixados de lado e servem apenas para ressaltar a importância de McCall na trama.
Embora o filme tenha uma premissa interessante, os clichês prejudicam a construção do personagem principal: ele é um herói invisível que não precisa de ajuda, mas o roteiro nunca revela os métodos com os quais ele consegue as informações que usa contra os inimigos, faltou reviravoltas ou momentos mais surpreendentes durante o filme.
Apesar de alguns erros de roteiro, O Protetor dominou a bilheteria americana neste final de semana, atingindo US$ 35 milhões logo em seu final de semana de estreia, o que demonstra a força de Denzel Washington no cinema. A Sony já tem contrato com o roteirista Richard Wenk (Os Mercenários 2) para escrever a sequência, que deve ter Denzel de volta ao papel principal. Aparentemente, o estúdio pretende criar uma franquia caso o primeiro filme obtenha retorno.
Ficha Técnica:
O Protetor (2014) – EUA
Gênero: Ação/Suspense
Duração: 131 minutos
Direção: Antoine Fuqua
Roteiro: Richard Wenk
Elenco: Denzel Washington, Marton Csokas, Chloë Grace Moretz, Bill Pullman, Melissa Leo