Psycho -Pass é uma série de 22 episódios produzida pela Production IG. A história se passa em um Japão futurista que se tornou forte o bastante para o isolacionismo e criou sua própria bolha auto-suficiente controlada por uma série de supercomputadores e pelo Sistema Sibila , que monitora e orienta a vida das pessoas. O Sistema de Sibila também identifica os indivíduos que constituem uma ameaça para a sociedade , aqueles com um alto coeficiente de crime , conhecido como criminosos latentes.
Essas pessoas mesmo que geralmente não tenham cometido um crime, o sistema avalia e acredita que poderão cometer no futuro. Akane Tsunemori , uma jovem prodígio com uma psycho-pass incorruptível é atribuída como um inspetora da Unidade 1 do Ministério da Previdência , onde ela conhece companheiro inspetor Nobuchika Ginoza , e seus subordinados , conhecido como executores : Shinya Kogami , Shuusei Kagari , Tomomi Masaoka , e Yayoi Kunizuka. Executores são pessoas que foram identificados como criminosos latentes , mas concordaram em ajudar o Ministério da Previdência com liberdade limitada, ou seja cães da justiça. Juntos, os membros da Unidade 1 caçam e removem criminosos latentes da sociedade.
Na sua essência, o anime pergunta “você quer uma sociedade livre ou uma sociedade ordenada ? ” O mundo de Psycho -Pass apresenta uma sociedade que valoriza a ordem acima de tudo. O mundo pode ser visto como uma utopia por aqueles que vivem dentro de seus limites, oferecendo estabilidade , segurança e oportunidades de auto-realização dentro dos parâmetros prescritos. Por outro lado , uma vez que a sociedade está construída em torno de algoritmos de previsão, os dados estão a minar a biologia humana, uma pessoa não é julgado por suas ações , uma pessoa é julgada por seus verdadeiros sentimentos. Esta simplicidade pode parecer grande, até você perceber que as pessoas tornam-se condenadas pela sociedade apenas por sentir as emoções erradas.
Escrito pelo aclamado roterista de Fate/Zero e Puella Magi Madoka Magica, Gen Urobuchi, foi convidado pelo diretor Katsuyuki Motohiro, que tinha justamente a ideia de produzir um anime diferenciado dos animes atuais, ele queria algo que tivesse uma certa “brutalidade psicológica”. E antes mesmo da sua estréia PP já tinha todo um hype, além do roterista Gen, também teve o fato do “moe” ter sido proibido e descartado pela equipe.
Os personagens de Psycho-Pass combinam perfeitamente com o cénario, com a socieade “perfeita” criada pelo sistema. Como personagem principal temos Akane, a qual tem um estado mental ótimo e inabalável definido pelo sistema, tonando-a apta para este tipo de serviço. Por outro lado temos o Kougami, que caiu nas graças das suas emoções se tornando um criminoso latente, Ginoza inspetor superior a Akane, tem uma personalidade um tanto ríspida. E por fim temos o “vilão” ou “filósofo em busca do bem da humanidade – ou terra natal” Makishima. Também temos os personagens secundários, Shion que trabalha internamente, mestre de computadores e pesquisa de informações na unidade 1, Kagari um criminoso latente, cujo seu passado não foi bem explorado durante a série, Yayoi que também é uma criminosa latente, e por fim Masoka, que além de um criminoso latente, viu ocorrer todo processo do sistema sibila.
Em termos técnicos , Production IG entrega uma boa cenografia e ângulos de câmera que realmente fazem o seu impacto quando se é preciso. A trilha sonora também é exelente e se encaixa perfeitamente no contexto, inclusive as openings e endings.
Psycho-Pass foi um dos mais aclamados animes de 2012, por ser difente em vários sentidos, um dos mais notáveis é quando se fale em sensura, poucos animes com conteúdo bom, tem cenas de violência explícita com muito sangue, primeiramente ainda é uma coisa que choca “algum tipo de público” como também não atinge o público que mais rende, as crianças. A grande sacada de PP, é justamente atingir um público mais maduro com conteúdo psicológico bom o suficiente para prender a atenção de quem não curte tanto um shounen.
Desde o início do primeiro episódio , já se pode dizer que se trata de uma sociedade distópica baseado num sistema que é ” injusto “, ou , podemos supor à primeira vista. No entanto , as coisas não são tão preto e branco, quando o antagonista, Makishima Shougo, decide mudar o rumo das coisas e começar a causar estragos na sociedade estável. Para quem leu 1984 George Orwell ou Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, vai se sentir muito mais familiarizado com o anime, que tem referâncias a esses dois livros dentre outros filósofos e citações, o que posso dizer é que o anime é um tanto quanto raso, quando não se procura informações suficientes ou não está familiarizado com psicologia dos personagens, que particulamente custumo dizer que são bastante reais, assim como nos livros, PP procura ser o mais real possível. Temos um homem em busca da sua “sociedade perfeita” indo totalmente contra aquela que foi imposta a ele, temos a Akane uma novata que ainda não entende direito desse mundo, e Kougami utilizando a justiça de sibila como verdadeira, mesmo que internamente não ache isso completamente.
Temos “nós” seres humanos vivendo em constante stress dentro dessa sociedade em que não se pode deixar fluir todas as emoções, mas que não fazem nada para mudar. É como minha avó sempre diz: “Se você não é capaz de fazer melhor deixe como está” é mais ou menos por esse caminho que PP segue, um caminho onde as pessoas não se encomodam de viverem assim e as poucas que se incomodam logo são extintas pelo sistema.
A questão de como surgiu o sistema sibila, não é mostrada no anime como também não é uma questão importante, porque já sabemos que para algo surgir é preciso um impulso muito grande como uma guerra, e mais que isso muito investimento financeiro, então é facil deduzir que tem o dedo do governo nisso tudo. O conflito maior em psycho-pass acaba girando em torno da caçada de Kougami e toda unidade 1 em busca do Makishima, que de fato é o centro da série, é o questionador da sociedade, aquele que encherga os erros do sistema, mas que ao mesmo tempo faz tudo isso em prol dele mesmo, ele é como o héroi do livro de Aldous Huxley, mas o “vilão” do sistema sibila que o vê como uma “grande ameaça” a sociedade. O fato é que as pessoas vivem livrimente só que ao mesmo tempo são impostas pelo que o sistema determina para sua vida, é como uma guia de cachorro de 3 metros, ela pode ir mas longe do que as guias comuns, mas só a um determinado limite, e se não estiver bom é só apertar o botão e regular o tamanho. O sistema age exatamente da mesmo forma, ele analisa sua condição mental e permite até que determinado ponto você pode ir, dentro do sistema existe “reabilitação” para pessoas que sujaram um pouco seu psycho-pass não se tornando criminosos latente e assim evitando justamente isso. Mas o controle está em cada esquina o que faz com que as pessoas vivam sobe um stress constante, mesmo que inconscientemente as pessoas na sociedade acabam reprimindo muito de seus desejos e emoções.
No anime é mostrado que o stress elevado de uma pessoa, acaba contaminando a outra, não só pela situação em que se encontram, mas porque de fato a pessoa que naquela situação “estava calma” na verdade também reprimia algum tipo de sentimento que sujaria seu psycho-pass.
A batalha entre o certo e errado é uma das coisas que mais aprecio em Psycho-Pass, porque se analisarmos ambos lados não existe propriamente dito um vilão ou héroi, o completamente certo ou errado, existe pessoas querendo mudar e influenciar uma sociedade, nesse quisito entra a lei do mais forte. As pessoas por instindo próprio ou seguem suas próprias leis baseadas em vivência e influência ou escolhem um líder, geralmente o mais forte.
Infelizmente nem tudo são rosas, e Psycho-Pass acabou se perdendo um pouco no seu contexto, ele introduziu o anime de certa forma e terminou de forma errônea e pior ainda, deixando características de seus personagens de lado e dando um final nada merecedor, levando em conta o que o anime mostrou durante seus 22 episódios. Contudo o anime é sim muito bom e merece ser apreciado por todos.
Na realidade o que me me motivou a escrever uma review de Psycho-Pass, foi justamente a seu anúncio oficial de uma segunda temporada e um filme da série. Isso é maravilho, ainda não se sabe datas, mas sabemos que Gen continuara no roteiro com a mesma produtora. Para muitos que acham que Gen não soube dar um desfecho ao sistema, concordo plenamente, mas 22 episódios era de fato muito pouco para muitas lacunas deixas e muito contúdo, ele terminou de certa forma até coerente dando espaço para uma continuação mais pensada e melhorada.
Pra quem já assistiu, blogs com comentários de PP.
– Elfen Lied
– Paradise Gekiga
Nota: Meu primeiro texto aqui espero que tenham gostado e que esse texto meio longo desperte um pouco o desejo de vocês irem assistir esse anime maravilhoso. Tenho um blog chamado Paradise Gekiga, que fala exclusivamente sobre animes e mangas, o que também será meu principal tema por aqui. Comentem se gostaram e se não gostaram também deixando críticas construtivas, até a próxima.
Gostei da resenha. Já havia assistido o anime. Se me permitir, gostaria de sugerir que compartilhasse links complementares (por questões de curiosidade e de incentivo a leitura). Leituras filosóficas por exemplo. Curto bastante filosofia, mas sempre procuro ler de um assunto específico quando á estou contextualizado. Mas parabéns pelo primeiro texto!
excelente texto!