“Aqui jaz o Titã esquecido”
Com as consequências da saga Convergência pairando pelo multiverso DC, “Caça aos Titãs” preenche o vazio que muitos leitores sentiram com a falta da formação original dos titãs Pré-crise desde o início dos Novos 52, reformulação do universo da editora em 2011, que se encontra em seus minutos finais de vida. Servindo como prelúdio para o Renascimento, a nova fase da editora comandada pelo diretor criativo, Geoff Johns.
Na Era de Prata dos quadrinhos, mais precisamente na revista “The Brave and the Bold #54” em julho de 1964, a equipe criada por Bob Haney e desenhada por Bruno Premiani e Nick Cardy, era composta apenas pelos três parceiros mirins mais famosos dos quadrinhos: Robin (Batman), Kid Flash (Flash) e Aqualad (Aquaman). Em sua história de estreia eles se uniram para enfrentar o Senhor Ciclone, na pequena cidade de Hatton Corners, com o tempo foram recebendo novos integrantes, como o parceiro do Arqueiro Verde, Ricardito e Donna Troy, ou a Moça-Maravilha, criada especialmente para fazer parte da equipe.
Essa era a origem dos Titãs, mas tudo isso foi apagado com o início dos Novos 52, onde os integrantes originais nunca se encontraram para formar a equipe ou criaram algum tipo de vínculo. O escritor britânico, Dan Abnett, conhecido pelos seus trabalhos em “Juiz Dredd”, “Justiceiro – Ano Um” e “Aniquilação: A Conquista”, escreveu “Caça aos Titãs” para corrigir isso e reintroduzir o grupo para a cronologia atual num arco de oito edições. Desenhado pela dupla Paulo Siqueira e Stephen Segovia, mantendo um ritmo dinâmico principalmente nas cenas de ação e nas expressões faciais dos personagens, em contrapartida com a narrativa, a demora para se desenvolver em um ritmo arrastado nos primeiros capítulos.
A história começa com os personagens sentindo nostalgia, lembrando de um mundo que se quer conhecerem, refletindo sobre momentos que eles não sabiam que existiam. Em especial, a telepata Lilith, que após ter uma visão de uma equipe de titãs que ninguém nunca ouviu falar, decide alertar Dick Grayson, Roy Harper, Donna Troy e Garth, que algo perigoso e sinistro está atrás deles.
Durante toda a primeira metade do arco, os personagens estão psicologicamente abalados, procurando por uma razão para estarem ali.
De um lado vemos Roy vagando sem rumo, tentando entender o motivo dessas sensações nostálgicas que apareceram sem razão alguma. De outro, Dick, Donna e Garth se reencontram de forma repentina, tendo a sensação de já se conhecerem há muito tempo e se unindo para desvendar o mistério desses sentimentos. Agora eles precisam usar o que aprenderam nesse tempo separados e mostrar o quanto amadureceram para voltar a agir como uma verdadeira equipe, enquanto suas memorias vão voltando aos poucos, para enfrentar seu vilão mais antigo, não mais como crianças, mas como adultos. Trazendo uma sensação de Déjà vu aos leitores mais antigos dos Jovens Titãs.
Uma história recheada de referências, tanto para os fãs do desenho animado da Cartoon Network, “Teen Titans”, quanto para os fãs mais velhos que cresceram junto com os personagens, com foco em recontar a origem dos Jovens Titãs para os novos leitores e introduzir o supergrupo ao Renascimento, com uma história intensa e cheia de mistérios, prendendo o interesse do leitor até o fim, principalmente para descobrir quem era o integrante citado na última página que estava faltando na equipe esse tempo todo.
Vale a pena conferir este encadernado publicado pela editora Panini em novembro de 2016, um excelente começo para a nova revista dos Titãs no renascimento da DC Comics, indispensável para quem tem interesse em acompanhar os recentes eventos da editora.