“ Para mostrar ao Faraó que eu sou o maior. Você vai usar o Enigma do Milênio novamente e convocá-lo, Yugi. E vou duelar com ele e derrotá-lo! ”
Idealizado para celebrar os 20 anos da franquia, o filme “O Lado Escuro Das Dimensões” dirigido por Kenichi Takeshita, é uma continuação direta do final da primeira temporada da série, “Duel Monsters”, mostrando o que está acontecendo na Cidade Dominó após a partida do Faraó Atem, trazendo novamente os rivais Yugi Muto e Seto Kaiba para as telonas, dessa vez colocando Kaiba na posição de protagonista, mostrando até onde vai a obsessão humana para realizar seus objetivos.
Escrita e desenhada por Kazuki Takahashi, a série foi originalmente publicada pela editora Shueisha na revista Weekly Shōnen Jump entre 1996 e 2004, acompanhando um menino inseguro chamado Yugi Muto, que após solucionar um quebra cabeça dado pelo seu avô, desperta o espírito do Faraó, ganhando uma personalidade mais agressiva e extremamente analítica capaz de dominar qualquer tipo de jogo. A serie desencadeou diversos spin-offs, com episódio sendo exibidos até hoje no mundo inteiro.
Após um dos melhores duelos do desenho, Atem finalmente consegue transcender de volta ao mundo dos espíritos, deixando seus amigos com questões mal resolvidas, como no caso do seu eterno rival Kaiba, que dedicou seu tempo obcecado tentando encontrar uma forma de conseguir a sua revanche com o Faraó, inventando tecnologia atrás da outra para atingir seu objetivo.
Com uma animação excelente, cheia de efeitos luminosos em seus duelos alucinantes e carregados de sentimentos, O Lado Escuro Das Dimensões, consegue trazer aquele sentimento de nostalgia de volta, lembrando bastante do arco da “Batalha Da Cidade”, considerado um dos melhores da série clássica.
A história começa com Yugi, Joey, Téa, Tristan e Bakura, se preparando para a sua graduação do ensino médio, nessa cena vemos o quanto Yugi amadureceu desde o desaparecimento de sua outra personalidade, falando com firmeza e sem duvidar de si mesmo, bem diferente do garoto frágil e medroso apresentado nos primeiros episódios. Enquanto isso na Corporação Kaiba, Seto passou todo esse tempo tentando achar as peças do “Enigma Do Milênio”, perdidas desde o último episódio da série na “Tumba do Faraó Sem Nome”, esperando poder realizar seu maior desejo, duelar novamente com Atem.
O vilão “Aigami” criado exclusivamente para o filme, por não ser bem desenvolvido durante a trama, mesmo com uma história de fundo interessante ligada as relíquias do milênio, em especial ao “Anel Do Milênio”, se torna um vilão clichê devido as suas motivações nada originais e sem peso.
Um novo modo de jogo é introduzido a franquia, o “Duelo Dimensional”, onde para invocar um monstro de nível alto não é mais necessário o sacrifício, sendo que o ataque desse monstro depende da energia vital inserida pelo duelista, não podendo ultrapassar os limites originais da carta. Mesmo divertido, a explicação rápida das regras acaba deixando difícil de acompanhar o duelo, com trocas rápidas de turnos e explosões frenéticas. A falta de estratégias mais elaboradas faz falta no longa-metragem, principalmente no duelo final onde a utilização de magias e armadilhas são mínimas.
Focando principalmente em como os protagonistas estão lidando com a falta do Faraó em suas vidas, mesmo com uma animação invejável, o filme não consegue superar a primeira adaptação para os cinemas, “A Pirâmide De Luz”, mas consegue ser muito melhor que, “Vínculos Além do Tempo”, tanto em enredo quando na utilização dos personagens no decorrer da trama, deixando bem claro que apesar das diversas temporadas do desenho, “Duel Monsters”, mantem seu lugar como a melhor delas, apesar disso a cena final emociona os fãs mais antigos da série.
Lançado em abril de 2016, faturou no Japão a bilheteria de 9 milhões de dólares, chegando ao ocidente em 27 de janeiro de 2017, com exibições nos EUA e no Canada, ainda sem previsão para o lançamento no Brasil.