Escrito por: Bianca de Oliveira Pires
Não é de hoje que aprendemos a amar animações com robôs. Afinal, há mais de 20 anos atrás tivemos o filme “O Gigante de Ferro” e em 2008, tivemos “Wall-E”, um grande sucesso da Disney. Mas naquela época, esse estilo de filme com robôs e outras tecnologias muito aprimoradas pareciam estar bem longe da nossa realidade. Porém agora, em 2021, já vemos exemplos de histórias sobre esse tema que são mais uma analogia de algo que já acontece no presente do que especulações sobre o futuro da tecnologia. E esse é o caso de “Ron Bugado”.
Os robôs “B-Bot” são introduzidos no filme como o “melhor amigo” de todas as crianças, que conheceriam tudo da vida delas e as ajudariam a fazer outros amigos, algo bastante similar ao que o celular e as redes sociais fazem. Porém, vemos que as crianças acabam se importando cada vez mais com likes e seguidores, do que de fato fazer amigos de verdade. Além de estarem sendo vigiadas e tendo seus dados coletados pelo próprio dispositivo. Então, o robô que era pra ser amigo das crianças e ajuda-las a socializar só as deixam cada vez mais isoladas e vulneráveis na rede.
A única exceção para essa regra é Barney, um menino de 11 anos que por questões financeiras e até mesmo culturais de sua família não possui um B-Bot. E diferente dos seus outros colegas de classe, que tem a ilusão de não estarem sozinhos por estarem sempre interagindo na rede, ele sabe que está sozinho de verdade.
Tudo isso muda quando seu pai lhe dá um B-Bot de presente de aniversário. Porém, como ele é comprado de forma “pirata”, o seu novo robô é um exemplar que caiu do caminhão e iria ser jogado fora, por isso tem alguns problemas de configuração e seu algoritmo não está logado para se conectar à rede e saber de tudo da vida de seu dono. Nesse processo, Barney acaba tendo que ensinar para Ron (apelido que ele acaba dando ao seu B-Bot) a maneira que ele deve ser o melhor amigo e também aprendendo com ele sobre o que é uma amizade de verdade.
A importância desse filme para crianças da geração alfa (nascidos depois de 2010), que já nasceram com noções da realidade mais ligada à internet do que ao que de fato acontece fora dela, é enorme. Pois são exemplos mais lúdicos e emocionais sobre a questão de dependência das redes que já acontece desde cedo hoje em dia. Mas é claro que como adultos não dá pra fingir que também não somos afetados pelo poder das redes, e que não podemos tirar mensagens importantes desse longa. O filme tem cenas super divertidas, principalmente as que envolvem a vó de Barney, e também com Ron tentando entender toda a dinâmica social dos humanos e colocando as normas da vida virtual de forma bem literal no mundo real.
Porém no arco final, o filme acaba se parecendo bastante com “Operação Big Hero” (que já é uma das referências que muitas pessoas devem ter associado ao ouvir falar da história do filme, porque realmente a temática é bem parecida) e até mesmo com a de “A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas” que também é desse ano. E por essa questão, da história ficar meio repetitiva, o 3° ato acaba perdendo um pouco a graça. Só nos minutos finais ele volta a inovar um pouco mais, e consegue nos surpreender novamente, não só seguindo outras fórmulas de filmes do mesmo estilo.
Mesmo sendo distribuído pela 20th Century Studios que agora faz parte da Disney, é provável que o filme não vá alcançar o sucesso dessas outras animações já citadas, justamente por já cair em alguns clichês desse tipo de história, e por ele não trazer tanto envolvimento emocional quanto os outros. Mesmo assim, é uma animação muito bem feita, que passa várias mensagens importantes de cuidado com o vício nas redes e do valor da verdadeira amizade, além de ser uma ótima opção de diversão.
Nota: 7,0
Sensacional esse Artigo, o encontrei por coincidência em uma
pesquisa pelo Google.