“Não é um medicamento para uma única e rara moléstia …. É a cura do câncer”
Após ganhar uma adaptação bem-sucedida e ganhando novos fãs, agora é a vez de se aventurar nas histórias que serviram como referência para as telonas. Infelizmente apesar de existir a quase 50 anos, Doutor Estranho nunca foi devidamente explorado como os outros personagens da Casa das Ideias. Sua mitologia foi extremamente bem construída pelos seus criadores Stan Lee e Steve Ditko, durante os anos 60 em seu primeiro título próprio, porem assim como outros personagens místicos da Marvel, com o passar dos anos, foram tratados como personagem de secundo escalão e deixados de lado. Aparecendo em participações especiais em grandes títulos como o dos Vingadores no arco “ A Queda” ou na formação do supergrupo “Os Illuminati “ durante a famosa saga que marcou para sempre o universo Marvel “ Guerra Civil”.
“Doutor Estranho: O Juramento” publicada pela Panini em novembro, encadernado de 124 páginas. Escrita por Brian K. Vaughan um dos maiores nomes dos quadrinhos atuais, estreando na Marvel com “Fugitivos”, rendendo bastante repercussão e um prêmio Eisner ao escritor. Com “Y: The Last Man” seu trabalho anterior para o selo Vertigo da editora de quadrinhos DC Comics, recebeu elogios do grande escritor do horror e ficção Stephen King. Lançada em 2007, no auge da saga “ Guerra Civil”, O Juramento é uma leitura leve, com arte excelente do Espanhol Marcos Martín, veterano no mundo de super-heróis com diversos títulos de importância em seu currículo como Batgirl: Ano um e Demolidor de Mark Waid, trazendo um ar de nostalgia aos anos de ouro do personagem. Com um excelente texto, Vaughan, reconta de forma não linear a origem do Mago Supremo, revelando pouco a pouco durante os diálogos na trama, com falas rápidas e convincentes. Perfeito para quem está começando agora a se interessar pelo mundo místico da Marvel.
Ao descobrir que seu amigo e fiel ajudante, Wong, está com apenas três meses de vida devido a um tumor no cérebro, Strange tentar encontrar a cura para a enfermidade de seu amigo, enquanto enfrenta uma corporação cujos interesses comerciais desejam impedir o Mestre das Artes Místicas.
A trama foca na humanidade de Strange, colocando a todo momento o mago entre seus ideais como médico e seu papel como mestre das artes místicas da Terra. “Juro aplicar os tratamentos para ajudar os doentes conforme a minha habilidade e minha capacidade e jamais usa-los para causar danos ou maleficio”, juramento de Hipócrates serve para dar nome e força a trama. A Enfermeira Noturna tem um papel importantíssimo nessa história, humanizando Strange e trazendo o lado mais arrogante do feiticeiro à tona em diversos momentos da narrativa, mostrando o personagem tão carismático como nunca visto antes. Como quando ela questiona o por que ele se auto intitula como “O Mago Supremo”, apesar de sempre falar que deixou a arrogância de lado, servindo como alivio cômico para o arco.
Apesar de ser uma história de leve entendimento, é discutido uma questão importante sobre o império farmacêutico, fazendo com que Strange entre num dilema ao descobrir um elixir que pode curar todas as doenças do mundo, porém deve escolher entre multiplicar e dar esse conhecimento para a humanidade, salvando milhares ou salvar o seu fiel amigo, diagnosticado com câncer e prestes a morrer. É impossível não sentir um sentimento de Déjà vu, lendo esse quadrinho após assistir ao filme, a adaptação conta com diversas referências ao trabalho de Vaughan com o personagem. Definitivamente a porta de entrada para o mundo de Stephen Strange aos novos leitores que querem saber mais sobre o personagem.